Tuesday 28 March 2017

Deste tempo cálido e de dormência suspensa



Do tempo do sol luminoso lá fora. Dos camiseiros brancos, azuis e às riscas que tanto gosto. Dos lenços de final de tarde em branco, verde-água, azul e destas cores misturadas. Dos gelados de fim-de-tarde. Dos passeios já imaginados aqui pelas redondezas. Do verde dos campos e dos muitos animais que vemos, entre vilas e cidades, pelas janelas dos comboios: cavalos, ovelhas e vaquinhas, claro. Mesmo que "retidos" num espaço, como uma sala ou um quarto, conseguimos imaginar como é esse mundo que nos transcende, neste tempo de narcisos aqui e e ali, pela cadência tão certa dos ciclos, nestas terras baixas, de canais e vedações frágeis de madeira, que mais parecem de brincar. Basta fechar os olhos e lembrar como são todos os anos estes anúncios de Primavera. E escancarar os ouvidos, às vozes dos petizes entre brincadeiras pelas ruas, neste tempo cálido e morno que nos envolve numa dormência suspensa. Ainda não se ouvem aqui e ali as máquinas de pressão de limpeza das lajes dos jardins, mas já fui surpreendida por uma, discretamente, esta semana. Entretanto, já inaugurámos a época dos espargos cá em casa, e hoje vamos ter sopinha dos ditos ao jantar, pois já comprámos o pacote com todos os ingredientes no Albert Heijn.

NB: texto reeditado a 29 de Março, às 11:27.

Saturday 25 March 2017

Vento. Luz.



Vento. Luz. Vento que espalha lixo pelos passeios e jardins da frente, sobretudo plásticos. Pergunto-me de onde vêm, se todos temos caixotes altos para o efeito. Vento que também traz as folhas castanhas  de Outono das árvores ainda despidas de Inverno. Luz. Luz que nos deixa ver o vento num baile ondulante de folhas castanhas pela rua. Luz que também nos traz saudações primaveris: "Lekker weertje, eh?" - diz-me a vizinha com um sorriso, referindo-se ao bom tempo,  ao chegar de carro com o marido, enquanto varro as folhas castanhas de Outono das árvores ainda despidas de Inverno. Luz que quer dizer "lá fora", na vida que recomeça, nos narcisos que despontam nas rotundas e separadores das estradas. É tempo de ir pelas mãos dançantes de valsa do Vento suave que sussurra Luz e Primavera.

Bom fim-de-semana!


"Strange Fruit", numa versão de uma cantora polaca que descobrimos recentemente e estamos a gostar muito, Natalia Mateo.





Thursday 23 March 2017

Maria Minor, Utrecht - Um bar numa antiga igreja



Há umas semanas, fui levada por uma amiga a um bar que fica numa antiga igreja. Nos Países Baixos, já tinha visitado uma livraria situada numa igreja (em Maastricht) e um museu (em Utrecht) e tinha visto a fachada de um teatro (em Bergen op Zoom). Mas, num bar, nunca tinha estado. Fica em Utrecht, junto à estação central. Já tinha passado em frente, várias vezes, mas nunca me tinha apercebido que se tratava de uma antiga igreja. Mais uma daquelas escondidas e disfarçadas, como duas que conheço em Amsterdam (uma no Red Light District e outra na Kalverstraat); sim, dos tempos em que o culto católico era celebrado em segredo, às escondidas (as schuilkerkjes, como eram conhecidas)...

Esta igreja que falo é conhecida como Maria Minor. Inicialmente, tratava-se de uma casa particular e, desses tempos medievais, já só restam as caves. A igreja escondida data do século XVII, mas, o actual edifício já data do século XIX, época em que realizaram grandes obras no local e da qual data o orgão que podemos ver assim que entramos (1890). Actualmente e desde 2007, o espaço é explorado pelo Café Olivier, especializado em cervejas belgas, que eu já conhecia, mas em Leiden, como contei aqui, e que fica situado no antigo Hospital de Santa Isabel.


As fotografias que tirei com o telemóvel não ficaram nada de jeito, mas encontrei este video no Youtube, que já permite ter um vislumbre. As cervejas ainda terei de experimentar...





Sobre o encerramento actual de igrejas católicas e a sua conversão noutro tipo de espaços nos Países Baixos, ler aqui e aqui, para se ter uma ideia mais precisa.


Tuesday 21 March 2017

Audrey e Givenchy


Da exposição " To Audrey, with love", no Museu da Cidade de Haia
(até dia 26 deste mês)


Um vestido de 1989, usado numa cerimónia no MOMA ( Museum of Modern Art) em Nova York 





Alguns dos vestidos "cinematográficos" de Audrey Hepburn criados por Givenchy





Sabrina (1954)











Bloodline (1979)




Funny Face (1957)




Outras criações de Givenchy

Alguns detalhes que muito apreciei

Esta manga...pelo cair, pela forma como os folhos vão diminuindo de largura à medida que se aproximam da mão, facilitando os movimentos.




Um vestido de noiva em rosa com um trabalhado que para mim é uma obra de arte...




Gosto da assertividade "imperial"/ majestosa deste vestido, que lhe é dada pelas cores ricas da saia e o seu formato...




Mas também da delicadeza e fluidez deste vestido de noiva a lembrar os anos 20...




Que dizer aqui? Chapeau!







Conjuntos que achei particularmente bonitos

Gostei imenso da parte superior deste vestido, bem realçada pelo contraste com o liso da saia




Gostei muito da capa de linhas verticais a contrastar com o vestido. Tão elegante, a adelgaçar  a silhueta e a dar-lhe altura...




Os vestidos pretos...

Magníficos pela beleza do corte e as linhas depuradas tão características de Givenchy...

Este de penas foi um dos meus favoritos




Gosto muito do padrão deste vestido que, "cortado" nos sítios certos, evidencia a elegância do corpo feminino...




Sensualidade e bom gosto! Gosto bastante do corte diagonal da frente do vestido, realçado pelo botões brancos.



 Gostei imenso do pormenor do brinco, na cor certa, a contrastar e a dar ainda mais glamour/luz ao vestido...




Um conjunto de vários vestidos...




Clientes famosas...

Vestidos de noiva, sendo que o rosa foi o de Audrey no seu casamento com Dotti




Conjuntos de Jackie Kennedy




Conjuntos e Vestidos de Grace Kelly




O casaco que a Duquesa de Windor, Wallis Simpson, vestiu no funeral do marido.
Este casaco é lindo pela sua elegância e simplicidade! Estive um bom pedaço de tempo "a namorá-lo"...




Pormenor do casaco




E, por fim, um vestido que veio de Portugal para esta exposição: este, que pertence à Duquesa de Cadaval, de quem Givenchy é amigo. 




Nota: Em 2015, Givenchy e a Duquesa-Mãe de Cadaval, Claudine, organizaram uma exposição de vestidos de noiva de alta-costura na Igreja do Palácio Cadaval, em Évora. Alguns dos vestidos Givenchy presentes em Haia também fizeram parte daquela exposição realizada no nosso país.

E um filme com Audrey Hepburn e mais criações de Givenchy...





Continuação de boa semana para todos!



Sunday 19 March 2017

Hoje, com Audrey e Givenchy...


em Haia, no Museu da Cidade...

Uma exposição dedicada a um dos meus estilistas favoritos, Monsieur Le Comte Hubert de Givenchy (1927), numa homenagem à sua musa inspiradora, para ele como uma irmã, a actriz Audrey Hepburn (1929-1993). Esta magnífica exposição está patente ao público até ao próximo dia 26. Para quem tem o cartão dos museus, é gratuita. A visitar, sem dúvida. A curadoria de Givenchy está primorosa e confesso que esta exposição me emocionou: por ver, ao vivo e a cores, criações icónicas do estilista, pela enorme e profunda cumplicidade entre este e a sua musa e que a exposição transmite tão bem, pelas cenas dos filmes memoráveis que iam passando, pelas lindas e também tocantes fotografias de Audrey, sobretudo como Embaixadora da UNICEF. Uma exposição muito terna, muito verdadeira, de um grande afecto. Acho que foi isso que me emocionou. É uma exposição da qual se sai feliz. E, logo à entrada,  o inesquecível Moon River de Henry Mancini,  que depois foi impossível não trautear baixinho, ao longo das salas, enquanto fotografava:..Sim, saí feliz desta exposição...A ver e rever, sem dúvida.





Thursday 16 March 2017

Purple Gold




E quando a Primavera volta, ei-la de novo, ao fim da tarde,

entre Almere Pampus  e Almere Oostvaarders, para assistir ao pôr-do-sol...

Outro dos nossos rituais, nestes dias maiores...
















Entre os teus lábios 
 é que a loucura acode 
 desce à garganta, 
 invade a água. 

 No teu peito 
 é que o pólen do fogo 
 se junta à nascente, 
 alastra na sombra. 

 Nos teus flancos 
 é que a fonte começa 
 a ser rio de abelhas, 
 rumor de tigre. 

 Da cintura aos joelhos
 é que a areia queima, 
 o sol é secreto, 
 cego o silêncio. 

 Deita-te comigo. 
 Ilumina meus vidros. 
 Entre lábios e lábios 
 toda a música é minha.

Eugénio de Andrade, Retrato Ardente, in Obscuro Domínio, 1971

São paisagens como estas e poemas como este que têm o condão de serenar-me o espírito em momentos mais conturbados, quer da minha história pessoal, quer do mundo que nos rodeia e do qual fazemos parte.

Do álbum Listen Without Prejudice, de 1990, uma canção que me diz muito e continua tão actual como há 27 anos...




Continuação de boa semana!


Tuesday 14 March 2017

A Primavera está a chegar...



Sinais que já estou em modo primaveril...ou como quem diz, a retomar as tradições primaveris aqui do burgo, nestes dias cada vez mais luminosos e soalheiros...

Gelado no Mariola, em Almere Haven (até hoje, a minha gelataria favorita e que aconselho vivamente a quem passar por cá).

Experimentámos e partilhámos esta copa de gelado pela primeira vez, no passado fim-de-semana. Gelado de limão, com limoncello, chantilly caseiro e bolachinhas, uma delas de chocolate. Uma copa simples, fresca e deliciosa! 

NB: Esta é a versão pequena.





Bitter lemon - uma bebida com sabor a limão amargo, que gosto bastante, e bebo, de vez de quando, quando o tempo convida a uma esplanada. Foi cá que adquiri este hábito. 




Esta fotografia foi tirada no Grand Café Le Baron, em Almere. Gosto muito do estilo do mobiliário deste café, a lembrar os anos 50. As cadeiras são muito confortáveis e o espaço é luminoso, devido às janelas grandes. Aconselho.

Na foto, uma bittergarnituur, algo muito comum por cá. Consiste num tabuleiro com mini lumpias e chamussas de vegetais, almofadinhas de queijo e de frango e bolinhas de carne de vaca. Para colocar a gosto, mostarda, molho picante e maionese. No meu caso, ainda provo uma ou outra com mostarda, mas é só. Gosto mais destes acepipes ao natural, sem molhos.



Sunday 12 March 2017

Deste fim-de-semana...



Um passeio...








Um poema ...



Quando a ternura 
 parece já do seu ofício fatigada, 

 e o sono, a mais incerta barca, 
 inda demora, 

 quando azuis irrompem 
 os teus olhos 

 e procuram 
 nos meus navegação segura, 

 é que eu te falo das palavras 
 desamparadas e desertas,

 pelo silêncio fascinadas.

Eugénio de Andrade, O Silêncio, in Obscuro Domínio, 1971


Um filme e uma canção, na voz de uma actriz, cujo talento e elegância admiro muito: Diane Keaton...






Votos de boa semana!





Wednesday 8 March 2017

Às mulheres presentes na minha vida...



Às mulheres atenciosas e talentosas presentes na minha vida: Muito obrigada!!!



Um postal a  lembrar o quanto gosto de passear pela Natureza...





Uma pintura de uma amiga holandesa que me faz lembrar o Palácio da Pena em Sintra...




Um desenho com um anjo para me guardar...




Um quadro em ponto cruz...




Uma carteira para quando vou fotografar e só quero levar o essencial comigo...




Um calendário de uma cidade que quero muito visitar...




Uma agenda polaca que me fez lembrar o nosso Galo de Barcelos...




Um postal a lembrar o quanto gosto de chá...




Uma caixa de música com dois sabonetes lá dentro e que poderá vir a ser utilizada como guarda-jóias...




Um voucher para uma massagem da Rituals a ser utilizado muito em breve...




Um postal com a Sagrada Família no meu tom de azul favorito...




Um postal com uma das minhas frutas favoritas...




FELIZ DIA

 DA MULHER!